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Ministro da Saúde presidiu à sessão de abertura do Seminário Anual do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

A especialização é um caminho trazido pelo progresso e que continua a ser importante prosseguir nas várias áreas, mas a sociedade beneficiaria de uma visão mais holística e integradora dos diferentes setores, nomeadamente na área da saúde humana, da saúde animal e da saúde ambiental. Esta foi uma das mensagens deixadas pelo Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que esta sexta-feira, dia 03 de novembro, presidiu à Sessão Solene de Abertura do Seminário Anual “Uma Saúde/Uma Ética”, na Fundação Calouste Gulbenkian, organizado pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).

Com esta conferência internacional, o CNECV pretendeu promover um debate alargado sobre algumas das principais questões abordadas no amplo conceito One Health – Uma Só Saúde, onde a saúde humana, animal e ambiental se cruzam na busca de uma linguagem e uma prática comum capaz de propor estratégias de sustentabilidade global, as quais terão reflexo no exercício da cidadania, da saúde e da formação das gerações futuras.

O Ministro da Saúde considerou que tanto a pandemia, como mais recentemente o conflito na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente, serviram de alerta para a importância da saúde e de termos ações comuns entre as várias áreas e os vários países. “Sem saúde não há nada, nem mesmo economia”, frisou Manuel Pizarro.

Perante a instabilidade e conflitos a que assistimos, Manuel Pizarro defendeu que “precisamos de uma ética de responsabilidade que permita recolocar o humano e a humanidade no centro das preocupações”. Os dados, insistiu, corroboram “mais do que a necessidade, a urgência” desta mudança de paradigma.

Vários estudos apontam para o impacto das alterações climáticas nas doenças crónicas e nas doenças infeciosas emergentes. Um artigo recente da Nature, de 2022, indicava que 58% das doenças patogénicas em seres humanos foram agravadas pelos riscos associados ao clima, como a emissão de gases com efeito de estufa.

“Por ano, só na Europa, a exposição à poluição é associada a mais de 300 mil mortes prematuras”, lembrou o Ministro da Saúde, que avançou também alguns dados das Nações Unidas que estimam que, atualmente, 1 em cada 4 mortes no Mundo esteja relacionada com riscos ambientais. “E sabemos que as alterações climáticas aumentam o risco da incidência de doenças antigas e emergentes em novas geografias, menor sustentabilidade alimentar e agravamento das condições de pobreza, determinante maior da saúde e bem-estar da população”, insistiu.

O governante entende que a saúde não se pode alhear deste caminho, até porque é uma atividade consumidora de muitos recursos e com uma pegada ecológica significativa.

Manuel Pizarro defendeu que os cidadãos estão conscientes da imperiosidade deste caminho e que são até eles que nos impelem à mudança. No âmbito da “Conferência sobre o Futuro da Europa” foi realizado um inquérito, nos 27 Estados-membros da União Europeia, no final de 2021. De acordo com os resultados, 66 % dos portugueses consideraram as questões relacionadas com a saúde como o principal desafio global para o futuro da UE, seguidas das alterações climáticas, que reuniram a preocupação de 56 % dos portugueses.

Do lado do Ministério da Saúde, o Ministro garantiu que a ética em todas as políticas é uma prioridade e que todos os projetos em curso – nomeadamente os investimentos que se estão a fazer com recurso ao Plano de Recuperação e Resiliência, respondem a este desafio. Mas, em conclusão, reiterou que a mudança de paradigma tem de ir ainda mais longe. “O que se trata já não é de medir a saúde pela dimensão dos cuidados que prestamos. O SNS presta um volume de cuidados sem paralelo na sua história. Temos de valorizar de forma diversa o tema da promoção da saúde”, sublinhou.

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