
“O SNS precisa do envolvimento da sociedade e o primeiro passo é o envolvimento ativo dos seus profissionais”, afirmou o Ministro da Saúde.
O Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, encerrou no passado dia 31 de maio o “SNS Summit” em Coimbra, a segunda edição do novo formato de encontros nacionais organizados pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) para discutir temas relevantes para o SNS. Desta vez o tema foram os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) e a iniciativa contou com mais de 700 participantes, a que se somaram mais de 3 mil pessoas que passaram pela transmissão no YouTube.
“O SNS precisa do envolvimento da sociedade e o primeiro passo é o envolvimento ativo dos seus profissionais”, destacou o Ministro da Saúde, sublinhando a elevada participação no encontro, que teve lugar no auditório do Convento de São Francisco. “Não chega que cada um de nós manifeste a sua insatisfação com o que funciona mal. A questão é o que cada um pode ajudar a que funcione melhor. Isto não diminui em nada a nossa responsabilidade, a responsabilidade do Governo, mas o SNS é uma construção diária de quem está no terreno e temos de fazer o que está ao nosso alcance para o melhorar”, afirmou.
Manuel Pizarro reiterou que o “SNS é o maior sucesso social da democracia portuguesa” e continua hoje a ser o maior fator de equidade do social no país, com resultados muito positivos. “Isso deve levar-nos a ter uma postura muito responsável e ética em relação às reformas que têm de ser feitas”, afirmou, evocando momentos decisivos do passado como a reforma dos cuidados primários – que em 2006 criou as Unidades de Saúde Familiar (USF) – ou a reforma dos cuidados materno-infantis, liderada por Albino Aroso entre os anos 80 e 90 do século passado.
A generalização das USF e dos CRI, a par da generalização das Unidades Locais de Saúde, que vão reorganizar os diferentes níveis de cuidados do SNS, são agora as reformas em curso, a que acresce ainda o trabalho que tem sido feito pela DE-SNS na reorganização dos serviços de urgência. “A expectativa de que tudo isto se pode fazer de um dia para o outro é pouco assisada. Tem de ser feito local a local. As reformas da saúde não podem ser feitas de forma intempestiva”, afirmou Manuel Pizarro.
“Contamos com todos os que já dirigem CRI para alargar este movimento a nível nacional”
A sessão de abertura do encontro foi presidida pelo Secretário de Estado da Saúde, um dos mentores do desenvolvimento dos Centros de Responsabilidade Integrados. Ricardo Mestre saudou a recente criação da associação Convergência dos Centros de Responsabilidade Integrados (CCRIA), que pretende contribuir para a dinamização desta área.
“Contamos com a associação e com todos os que já dirigem CRI para alargar este movimento a nível nacional”, afirmou Ricardo Mestre. “Ver esta mobilização e esta capacidade para trabalharmos em conjunto é em si mesmo uma reforma e é a reforma mais importante que temos, porque o SNS é feito diariamente por todos”, salientou.
Sobre a generalização dos CRI, Ricardo Mestre defendeu que este movimento tem de partir dos profissionais e de ser acolhido pelas instituições, encarando os Centros de Responsabilidade Integrados como uma “oportunidade para os serviços hospitalares responderem melhor às necessidades das pessoas”. O Secretário de Estado explicou que esta reforma se insere na reorganização maior do SNS e que tanto o aumento das USF como o alargamento dos CRI têm pontos em comum: visam a descentralização do planeamento e da prestação de cuidados, com maior autonomia para as equipas, para potenciar a satisfação de utentes e profissionais. “Gerir entidades com a complexidade que temos nas nossas instituições não é possível se trabalhamos na base da imposição. Só é possível se conseguirmos descentralizar competências e responsabilidades e apostarmos no pacto e no compromisso”, afirmou Ricardo Mestre.
Modelo está a ser revisto
No encontro foi renovado o objetivo de chegar aos 100 CRI nos próximos dois anos, tendo sido traçada a meta de criar 25 novos CRI a nível hospitalar ainda no decurso de 2023. Atualmente existem cerca de 40 Centros de Responsabilidade Integrados no SNS, dedicados a áreas como o tratamento de obesidade ou a cirurgia ortopédica. O Ministério da Saúde está a trabalhar numa revisão deste modelo, por forma a abranger áreas como a saúde mental e os serviços de urgência, onde o objetivo é ter equipas dedicadas. Pretende-se também que haja uma valorização de toda a atividade dos CRI para efeitos de incentivos e não apenas da que é feita a título adicional pelas equipas.