
Uma nova análise do Registo Europeu de Desigualdades do Cancro, divulgada esta semana, destaca que Portugal tem um dos mais baixos custos ‘per capita’ com cuidados oncológicos da União Europeia, apesar de as taxas de sobrevivência para os cancros mais comuns serem superiores às médias da UE. A análise aponta a cobertura dos rastreios e acesso a tratamentos como motivo para estes resultados, aludindo ainda à existência de uma “rede consolidada de centros de referência e à disponibilidade de medicamentos e tratamentos gratuitos”.
Em declarações à agência Lusa, o Diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas destacou o desempenho positivo do país. “Nós, portugueses, às vezes, desdenhamos daquilo que temos, mas isto [estes resultados] só vem fortalecer o sistema nacional de saúde como uma das grandes conquistas depois do 25 de Abril e [o trabalho] está a dar frutos”, salientou o oncologista.
José Dinis sublinhou que estes dados honram o país: “Como português sinto-me muito honrado. Temos muito que fazer porque somos ambiciosos e temos que ter melhorias e de certeza temos neste momento, que é um facto, a Europa a olhar para nós. Isto de fazer muito com pouco não há muita gente”.
Segundo este Perfil Nacional de Cancro, nos casos da leucemia infantil ou dos cancros da próstata, mama, colo do útero, cólon e pulmão – os mais comuns -, o desempenho de Portugal é superior à média da UE, com base nos dados mais recentes disponíveis, os diagnosticados entre 2010 e 2014.
Relativamente ao facto do estudo apontar que, na última década, tem sido pequena a diminuição das taxas de mortalidade por cancro – que é a segunda causa de morte em Portugal, a seguir às doenças cardiovasculares, – José Dinis assinalou que a probabilidade do aparecimento da doença oncológica aumenta com o envelhecimento da população, um fator mais difícil de contrariar.
“As doenças cardiovasculares é que diminuíram muito, porque houve medidas de grande impacto na diminuição da doença cardiovascular como, por exemplo, o aparecimento das estatinas há uns anos e depois o aparecimento das vias verdes coronárias, as vias verdes do AVC, as campanhas para a prevenção do risco. Isto está a dar frutos”.
José Dinis disse ainda esperar que a Estratégia Nacional de Luta Contra o Cancro 2021-2030, que aguarda a aprovação do Ministério da Saúde, conduza o país a manter “uma posição tão boa” como a divulgada hoje no estudo, porque, disse, “a responsabilidade é grande quando estamos na linha da frente”.
Saiba mais em: Relatório “Perfil sobre cancro por país” no Portal da OCDE