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Ministro da Saúde associa-se a homenagem a médico que esteve na origem do Relatório das Carreiras Médicas.

Neurologista de renome e um político profundamente humanista, o Prof. João Pedro Miller Guerra foi um médico, um pedagogo, um investigador, um político, um cidadão, entre muitas outras coisas, que se afirmou pelos valores e pelo percurso dedicado à causa pública e ao bem comum, assente no conhecimento e na ética. Estas foram algumas das razões que estiveram na origem de uma homenagem a Miller Guerra, organizada pelo Município de Vila Flor e pela Ordem dos Médicos, à qual o Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, se associou.

O evento decorreu sábado, dia 14 de janeiro, em Vila Flor, no distrito de Bragança. No Auditório de Vila Flor juntaram-se várias personalidades, familiares e amigos, na presença da filha de Miller Guerra, Maria Zulmira e de dois netos.

O Ministro da Saúde, na sua intervenção, recordou as várias áreas em que o médico se distinguiu e afirmou que “foi na soma de todas estas capas que vestiu que encontramos a grandiosidade de alguém que, independentemente da capa que usava a cada momento, nunca deixou de ter o doente como preocupação cimeira, percorrendo caminhos inusitados e nem sempre fáceis”. Manuel Pizarro destacou, ainda, que Miller Guerra foi deputado pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte, devendo-lhe o país “o emblemático Relatório das Carreiras Médicas, documento que esteve na génese do Serviço Nacional de Saúde como hoje o conhecemos”.

O governante lembrou que o neurologista defendia a “democratização da assistência”, e que foi com base nessa premissa que agiu, dando origem ao famoso Relatório das Carreiras Médicas, percursor do Serviço Nacional de Saúde, “que veio a concretizar com António Arnaut, entre outros nomes, e de que não abdicamos de continuar a implementar”. O Ministro da Saúde evocou Michel Foucault, que afirmou que “a primeira missão de um médico é de ordem política”, para defender que Miller Guerra “foi um exemplo de como a esfera da política e da saúde beneficiam em ser combinadas com transparência, honestidade e dedicação à causa pública para se conseguirem melhores políticas e melhores resultados em saúde, num caminho que deve ser sempre apoiado na solidez técnica e ética.”

Neste contexto, Manuel Pizarro assegurou que não tem “preconceitos ideológicos” em relação à iniciativa privada na saúde, mas contrapôs, a propósito do dossier das maternidades, que muitas das zonas em que o Serviço Nacional de Saúde tem dificuldades não dispõe de qualquer alternativa privada, precisamente por não haver rentabilidade. E garantiu que o SNS será reforçado para que continue a manter a sua capilaridade territorial.

Já antes, num artigo de opinião publicado sobre o mesmo tema, o Ministro da Saúde tinha evocado “o notável percurso de Miller Guerra como médico e professor universitário”, que “nunca o afastou da intervenção cívica ativa, mesmo durante a ditadura, contra a qual se posicionou. Percebeu desde jovem que, num país marcado pelo atraso brutal dos indicadores de saúde, os médicos tinham um papel transformador que obrigava a uma participação social crítica”.

“Sendo católico convicto, Miller Guerra sempre se colocou do lado do progresso da ciência. Na década de 60, foi um dos fundadores da Associação Portuguesa de Planeamento Familiar”, reforçou, lembrando que o homenageado “encarava a profissão médica com uma visão profundamente humanista, que transmitia aos seus discípulos e de que não devemos desistir nunca”. Na intervenção durante a cerimónia, o governante lembrou várias passagens de discursos e documentos deixados pelo médico, destacando-se o papel dos clínicos perante os doentes, refletido nesta afirmação do neurologista: “vocês são responsáveis pelo doente total e pessoalmente. Assumam os vossos doentes não como propriedade, mas com responsabilidade inalienável”.

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