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Ministro da Saúde participou na Cimeira Global da UNITE – Parlamentarians Network for Global Health.

O Ministro da Saúde participou na última quarta-feira, 7 de dezembro, na Cimeira Global da UNITE – Parlamentarians Network for Global Health, um encontro da rede global de parlamentares direcionada para a saúde global que teve lugar na Assembleia da República.

Numa intervenção com o mote “Assegurar que a Saúde é uma Prioridade em Todos os Setores – Perspetiva do Governo”, Manuel Pizarro falou do desafio de colocar a saúde no centro da ação política, afirmando que a pandemia Covid-19 tornou mais visível, para sociedade civil e decisores, a centralidade desta agenda, quer na necessidade de sistemas de saúde robustos e flexíveis quer no combate às desigualdades, determinantes de saúde para as populações.

Reconhecendo a enorme adesão dos portugueses à vacinação Covid-19, que permitiu colocar Portugal entre os países com maior cobertura vacinal a nível mundial, o Ministro da Saúde começou por apelar à reflexão em torno da iniquidade na distribuição global de vacinas, salientando que o país doou até à data cerca de 8 milhões de doses de vacinas a países terceiros.

“Temos a obrigação de lutar contra o obscurantismo”

“Em muitos países não há acesso a vacinas, noutros países não há estrutura de saúde para administrar as vacinas e noutros países há uma prevalência crescente da hesitação vacinal. Temos a obrigação de lutar contra o obscurantismo contra a ciência e o progresso que são as campanhas anti-vacinas”, afirmou Manuel Pizarro, numa tomada de posição aplaudida pelos deputados dos vários países presentes na cimeira em Lisboa.

“Mesmo perante a mais grave pandemia dos nossos dias, na terceira década do século XXI, há países onde a taxa de cobertura de vacinação é inferior a 20%, o que significa que qualquer coisa não está a funcionar bem no sistema multilateral mundial”, acrescentou. “Na Europa Ocidental estamos a destruir milhões de doses de vacinas. A nossa taxa de inutilização em Portugal será reduzida, estamos a usar a maioria das vacinas que compramos, mas há países a destruir 40% das vacinas que compraram”.

Interpelando depois os parlamentares sobre o tema da sua intervenção, o Ministro da Saúde sublinhou que um dos desafios atuais é precisamente consolidar a ideia da saúde como prioridade para todos os setores, patente durante a pandemia, e como fazê-lo fora de um contexto de crise sanitária.

“O problema é como conseguimos, enquanto sociedade, transformar a saúde numa política comunitária num contexto orçamental que tem sempre limitações, mas também aí a pandemia clarificou junto de mais pessoas que sem saúde não há economia”, sustentou, chamando a atenção para os impactos indiretos e a longo prazo do investimento em saúde, que importa medir.

“Se as pessoas tiverem melhores condições de saúde, o seu resultado escolar e académico é maior, há menos absentismo laboral, há um envelhecimento mais saudável com impacto no sistema social e de saúde. O desafio é tornarmos estas realidades mais conhecidas e estudadas. E cumpre à comunidade técnica e aos decisores políticos mostrar aos cidadãos em que é que é transformado o dinheiro dos seus impostos”.

Manuel Pizarro destacou a criação, na atual equipa ministerial, da primeira Secretaria de Estado da Promoção da Saúde, um passo na concretização da visão da política de saúde como uma intervenção de longo prazo e multissetorial. “Precisamos de uma agenda fortíssima de promoção da saúde, que envolva as escolas, que intervenha na infância onde os comportamentos são moldados, mas que envolva também os agentes económicos”, disse, dando como exemplo o protocolo da Saúde com o setor da distribuição alimentar que, nos últimos quatro anos, permitiu retirar das prateleiras dos supermercados portugueses toneladas de sal e açúcar de alimentos de fácil acesso como snacks e cereais.

Chamou ainda a atenção para os desafios das alterações climáticas: “Não há hoje uma visão sobre a saúde do futuro que não tenha o tema das alterações climáticas no seu centro”, declarou o governante. “As Nações Unidas estimam que, atualmente, uma em cada quatro mortes no mundo esteja relacionada com riscos ambientais. O combate às alterações climáticas tem de nos mobilizar a todos, quer pelo risco de disrupção de habitats, quer pelo risco de doenças emergentes em novas latitudes e agravamento de pobreza e insegurança alimentar”, disse, reconhecendo que é preciso olhar também para a pegada ecológica do setor da saúde. “Também temos uma responsabilidade dentro de casa”, afirmou.

“Vencer os desafios do século XXI exige mesmo a mobilização de todos”

Reiterando o compromisso com o “princípio basilar da saúde em todas as políticas”, patente no programa do Governo, o Ministro da Saúde deu o exemplo do Programa Bairros Saudáveis. “É um programa de ação comunitária que visa dinamizar intervenções locais a favor da promoção da saúde, sobretudo em territórios mais desfavorecidos, reunindo associações, líderes cívicos, associações de moradores, em articulação com as autarquias e autoridades de saúde”, explicou, dando nota de que estão em curso 242 projetos e que o atual processo de descentralização de competências para as autarquias transporta também a expectativa de uma política de saúde mais participada. 

Numa nota final, o governante defendeu que agir em saúde e pôr em prática esta visão implica comunicação e diálogo. “Para sermos bem-sucedidos numa política de saúde que queremos global e que esteja impregnada em todas as áreas, temos de ser capazes de estabelecer parcerias. Precisamos de diálogo político, precisamos, em muitos casos, de multipartidarismo. (…) Precisamos de mobilização dos profissionais e precisamos também, como a pandemia mostrou, de uma linguagem comunicacional simples, percetível a todos os cidadãos. Vencer os desafios do século XXI exige mesmo a mobilização de todos, de cada cidadão, de cada pessoa, de cada família. Isso só é possível se as pessoas compreenderem as preocupações que estão por trás da política de saúde e das medidas que estão a ser tomadas, para poderem ser agentes ativos”, concluiu.

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