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Melhor acesso a medicamentos e resistência antimicrobiana na Europa foram temas em destaque na reunião informal de Ministros da Saúde, nos dias 17 e 18 de abril, em Amsterdão.

O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, reuniu-se com os Ministros da Saúde da União Europeia (UE), a convite da Ministra da Saúde e Desporto holandesa, Edith Schippers, em reunião informal, nos dias 17 e 18 de abril, em Amesterdão, na Holanda.

A reunião informal contou com três sessões de trabalho sobre as três prioridades que a presidência holandesa da UE definiu no primeiro semestre de 2016:

  • Inovações em benefício dos doentes;
  • Promoção da alimentação saudável;
  • Luta contra a “resistência antimicrobiana”.

O aumento da resistência aos antibióticos foi tema em destaque neste encontro, uma vez que constitui um perigo para a saúde mundial, que tem levado as autoridades de saúde a envidarem esforços para as boas práticas médicas e hospitalares, no sentido de prevenir infeções mais frequentes.

Em Portugal, o consumo de antibióticos está a diminuir, tal como a resistência aos antimicrobianos. As taxas de resistência de alguns microrganismos multirresistentes diminuíram entre 2011 e 2014, a par de uma redução do consumo de antibióticos, mas ainda assim continuam elevadas. Observou-se uma redução de 14,3%, o que coloca o País na 16.ª posição, abaixo da média, no que respeita ao nível de consumo de antibióticos na comunidade.

Os antibióticos consumidos a nível hospitalar representam apenas 7% do total nacional. A relevância do consumo hospitalar deriva do uso de antibióticos de mais largo espetro, geradores de resistências mais graves. Também neste sector a evolução foi positiva, traduzindo-se numa redução de 10,4% entre 2011 e 2014. Em ambos os sectores, o consumo europeu de antibióticos registou ligeira subida no mesmo período.

Apesar de continuar a existir margem de redução do consumo de antibióticos em geral, o principal problema reside na utilização particularmente elevada de classes de antibióticos de espetro mais largo como quinolonas e carbapenemos. Em 2012, na comunidade, o elevado consumo de quinolonas era ainda mais significativo que o consumo global de antibióticos, ocupando Portugal o sexto lugar entre os países que mais consumiam esta classe de antibióticos. A evolução registada desde então é muito positiva, já que o consumo de quinolonas diminuiu, entre 2011 e 2014, 27% na comunidade e 23% a nível hospitalar.

Os carbapenemos, antibióticos de largo espetro que representam, em muitos casos, a última alternativa terapêutica, têm sido excessivamente utilizados nos hospitais portugueses. Até 2013, Portugal era o país europeu no qual se usavam mais carbapenemos, sendo essa utilização superior ao triplo da média europeia. Em 2014 verificou-se uma redução, de 5%, no consumo desta classe de fármacos. O nível alcançado é ainda 2,3 vezes superior à média europeia.

Embora Portugal tenha níveis elevados de resistências aos antibióticos em alguns microrganismos, verificou-se, nos últimos anos, uma tendência positiva. Em Staphylococcus aureus, a taxa de resistência à meticilina (MRSA), que atingiu 55% em 2011, baixou para 47% nos últimos anos. Em Enterococcus, a taxa de resistência a vancomicina desceu de 47% para 20% em 10 anos. E em Acinetobacter, a resistência combinada desceu de 64% para 39% em dois anos. Mais preocupante é a situação em bactérias Gram-negativo, como é o caso da resistência às quinolonas de 32% em Escherichia coli, mais ainda do aumento das estirpes produtoras de ß-lactamases de espetro alargado (41% em Klebsiella pneumoniae).

Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenemos constitui atualmente uma séria ameaça para alguns países europeus, uma preocupante realidade para outros. A situação de Portugal a este respeito caracteriza-se pela ocorrência de surtos hospitalares esporádicos (estádio epidemiológico 2b), tendo estas estirpes representado em 2014 cerca de 2,1% dos isolamentos de Klebsiella pneumoniae, taxa ainda nitidamente inferior à média europeia. Ainda assim, e tal como os seus congéneres europeus, os organismos portugueses responsáveis pelo controlo de infeção estão a encarar estes surtos e a monitorização da situação nacional com atenção e preocupação.

Tendo alcançado níveis elevados de consumo e resistências aos antimicrobianos, Portugal conseguiu nos últimos anos inverter a tendência negativa anterior, procurando nesta altura consolidar esta progressão e acentuar as melhorias alcançadas.

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