Nascido a 1 de março de 1928, em Vila Real, o Professor Doutor Daniel dos Santos Pinto Serrão destacou-se na Medicina em duas grandes áreas que se revelaram as suas áreas de eleição e onde desenvolveu um vasto trabalho, a Anatomia Patológica e a Bioética.
Licenciou‐se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1951, com a média final de 17 valores.
De 1971 até 1998, ano da sua jubilação, foi Professor Catedrático de Anatomia Patológica na Faculdade de Medicina do Porto e Director do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital de S. João. Neste contexto, a sua intensa atividade no âmbito da investigação, do ensino e da assistência permitiram que o Serviço de Anatomia Patológica deste hospital se tornasse uma referência nacional e internacional.
No Laboratório de Anatomia Patológica deu início ao uso pioneiro do microscópio electrónico no diagnóstico de tumores.
Coordenou a instalação do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e promoveu a formação de patologistas com o objetivo de dar cobertura aos hospitais da Administração Regional de Saúde do norte.
Em 1996 foi nomeado em Conselho de Ministros, para presidir ao Conselho de Reflexão sobre a Saúde. Coordenou a elaboração do Livro Branco “Recomendações para uma Reforma Estrutural da Saúde”, sendo que algumas das suas recomendações para a sustentabilidade do sistema de saúde português acabaram por ser introduzidas no próprio Sistema.
A nível internacional foi, desde 1989, representante de Portugal no Comité Directeur de Bioéthique, tendo sido eleito membro do respetivo Bureau do Conselho da Europa de 1996 a 2000 e de 2004 a 2008.
Foi ainda designado membro do International Committee Of Bioethics, por escolha pessoal do Director‐Geral da Unesco, tendo exercido dois mandatos, entre 1993‐94 e 1997‐98.
Participou ativamente na redação da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e Biomedicina, também conhecida por Convenção de Oviedo.
Ao longo da sua vida teve várias intervenções sobre temas fraturantes da atualidade, nomeadamente sobre eutanásia, células estaminais de origem humana, genoma humano, ética e medicina hospitalar, medicina no mundo actual, direitos da família dos doentes, entre muitos outros.
Daniel Serrão foi ainda membro do Conselho Científico das Ciências da Saúde do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC) desde 1980 até à sua extinção, em 1992.
Ocupou o cargo de presidente da Comissão de Fomento da Investigação em Cuidados de Saúde, do Ministério da Saúde, de 1991 até 2008.
Por convite do Papa João Paulo II, em 1994, foi designado membro da Academia Pontifícia para a Vida, sendo dos seus primeiros académicos.
Durante dez anos fez parte do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
Pelo seu percurso enquanto docente e investigador e pelo seu importante contributo para o desenvolvimento da Bioética em Portugal, foi agraciado, em novembro de 2008, com a Grã‐Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada pelo Presidente da República.